"Se eu pudesse escolher, moraria em Paris, Nova York ou Londres. Não tenho nenhuma identificação com o Brasil. Não gosto de futebol, não como feijoada, não tomo cerveja nacional. E odeio Copa do Mundo."

Tá, foi o Ed Motta que disse isso, mas poderia muito bem ter sido eu. Me sinto assim na maioria dos meus dias, uma brasileira meio falsificada, que todos pensam ser russa. Só encontro o minha brasilidade numa garrafa de cachaça...rs. E eu estive pensando outro dia que eu sou uma pessoa muito feliz, mas que só tenho consciência disso nos dias ensolarados. Daí eu saio pra caminhar na praia com o Maridão, almoçamos num restaurante qualquer, tomamos banho e transamos o resto da tarde, com a janela do quarto aberta, deixando o vento entrar e os nossos barulhos... ah sim, esses sunny days são inesquecíveis.

Tenho andado muito feliz, muito bem. Minhas aulas acabaram estou de férias, tirei 9,6 na aula, maior notão. Ah, mas foi tanto estresse... será que vale à pena? Peguei um vôo pra Los Angeles. Estava entretida lendo “O caçador de pipas” e, poxa, estar naquele avião sozinha, sem conhecer ninguém me deu um senso de liberdade, um desprendimento tão grande que comecei a chorar copiosamente por causa do livro. Quem leu sabe que a história é tristíssima e eu deixei as lágrimas virem sem a menor vergonha, depois os soluços.... existe uma falta de medo, um atrevimento típico de quem está longe. Eu, no momento, não tenho o menor receio de ser ridícula, patética... choro quando quero chorar, falo grosso quando bem entendo.... talvez seja somente porque estou ficando mais velha e deixando pra trás minhas inseguranças adolescentes, mas prefiro acreditar que seja consequência da minha condição de imigrante.

Ah, e a feiosa da Jolie e a Barbie-Pitt botaram o nome da filha de Shiloh Nouvel – é povo, não basta você ser provavelmente a criança mais linda do mundo, seus pais sempre vão arranjar um jeito de te botar um trauma, como te chamar de jiló e tals.... se bem que os pais estão tão por cima da carne-seca que eles podiam até botar o nome da menina de Merda Nouvel que a imprensa ia achar lindo! Mas não sei não, ainda acho que essa criança vai parar na terapia por causa desse nome aí de Jiló....

Conversando com a minha mãe, tive uma epifania: acho que os homens não sabem mais qual é o papel deles num relacionamento. Já foi o tempo em que eles tinham que prover, proteger, se matar de trabalhar. Hoje estamos de igual pra igual com os homens em tudo e ainda exigimos que eles nos façam gozar no final do dia. Tudo que a gente quer de um homem é que ele nos ame e que seja companheiro... é tão pouco e mesmo assim.... na boa, as vezes eu acho que os homens querem uma mãe com a qual eles possam transar....rs.... é sério, eles querem ser paparicados, mimados. São relacionamentos altamente edipianos!Daí me dei conta que eu sempre sou a machinha dos meus relacionamentos. Sou eu quem traio, eu que aceito todas as culpas (mesmo que elas não sejam necessariamente todas minhas), eu que sou a forte, que tomo a decisão de terminar e, algumas vezes, eu que ponho dinheiro na casa. A verdade é que homem pensa que é homem só porque tem uma pica, e sinceramente, ser homem é tão mais que isso... em muitos aspectos, me sinto mais macho do que todos os homens com quem já saí (marido inclusive!), só me falta um pênis....rs.... Daí respirei fundo e olhei bem séria pra minha mãe e disse: “um dia desses encho o saco disso tudo, corto meu cabelo curtinho, ganho uns 10 quilos e falo bem grosso: de agora em diante meu nome é Jair!!”. E do jeito que ando destemida ultimamente, não duvidem não......

d-_-b “You only live once” The Strokes – com direito a uma cachacinha deliciosa, só pra provar que sou brasileira =)