Thursday, March 23, 2006

Detalhes do dia-a-dia


Não vou mentir: tem sido tudo muito corrido. Aula de inglês, ginástica, Marido, trabalho... é bom chegar da aula e perceber que o Maridão fez café e que deixou um bilhetinho meigo... quando não é em papel Vertigem deixa uma mensagem fofa na secretária eletrônica da loja, quando eu ainda estou no trajeto de casa pro trabalho (o que não leva mais de cinco minutos). Casamento é isso: pequenos detalhes escondidos no dia-a-dia, coisas tão pequenas e imperceptíveis que só você ou o seu marido percebem, “ pequenas jóias encravadas no seu cotidiano” como diria o tio Caio Fernando. Casar é pertencer a um universo paralelo onde só existem dois moradores: você e o seu marido. E pode ser tudo tão doce e lindo e ao mesmo tempo amargo e insano que faz você questionar a sua sanidade mental mais de três vezes em uma única semana. É a coisa mais maravilhosa que pode acontecer e ao mesmo tempo tem noites que você pensa: mas por que eu estou me sujeitando a isso?! Casamento é esquizofrenia em seu estado mais avançado e, por isso mesmo, uma delícia.

d-_-b “Crooked Teeth” Death Cab for Cutie



Ontem teve show da Cesária Évora. Negra, baixinha, gorda, cantando em português músicas que falavam de saudade. De viver em um país que não é nem nunca será a sua pátria, de pessoas que ficaram pra trás mesmo que você pense nelas todos os dias, da grande ironia que é ter que deixar o seu país e seus amigos pra ser feliz, sozinha, em outro lugar. O imigrante, legal ou ilegal, carrega uma melancolia, uma vergonha inconfessável. Culpas, mágoas que nunca serão resolvidas, um sentimento de perda absurdo. Cesária - um pouco acabada, simples, linda e carismática – abre a boca e canta: ela era o meu país lá em cima do palco, soltando a sua voz pra mim. Três anos é tempo demais sem voltar. Tento negar a minha brasilidade todos os dias, e aí eu assisto um show desses e de repente me sinto mais brasileira do que nunca. Deixei as lágrimas virem, ergui a cabeça, vi meu Brasil no palco e sorri. Um sorriso melancólico, mas ainda assim um sorriso.

d-_-b “Sodade” Cesária Évora

5 comments:

Anonymous said...

E eu que moro aqui senti saudade do que já fiz e do que ainda farei. Tb ando correndo, correndo sei lá pra fazer o quê. Acho que é pra ser mais feliz, pra ser menos apática e pra deixar de ser bundona. Fase nova cheia de resquícios antigos. Quem sabe nessa correria não renovo tudo de uma vez e mudo de planeta?
Beijos

Anonymous said...

Casamento é assim mesmo!
O meu acabou depois de dez anos, mas ainda assim eu teria vivido tudo de novo!
Beijos!!!!!!!

Bel said...

São os detalhes que fazem a diferença, não?
Apesar de desenhar MUITO mal, o Vertigem foi um foooofo!

Eu não sei se sobreviveria sendo imigrante nos EUA. Parece tão duro...

Beijos, querida :*

Anonymous said...

ai tati... q triste...
ai que bom que vc ta de lua de mel com o casamento... pra te dizer a verdade pra mim ainda é dificil te imaginar casada...vez ou outra qd comento com alguem que te conhece, percebo uma certa surpresa na reação das pessoas...
pois eh... milagres do amor.
poxa, saudades.
na boa, to pensando em escrever um livro com minhas desaventuras...rsrsrs
bjocas

Sugar Kane said...

Ah Lily, eu tb acho estranho as vezes... mas é tão bacana... e vamos combinar que eu não sou o tipo de mulher que vai poder reclamar no futuro que "podia ter curtido mais".... acho q eu já curti tudo que era pra curtir...rs
Ah, tô aguardando o lançamento do livro!A tal estória me fez rir por uns 3 dias... mas agora tô meio freaked out com a parada...
Te cuida, ok?