A little twisted....

Reencontrei no Orkut uma amiga com quem não falava há uns cinco anos e quando falei que estava casada ela disse: “- Ah Tati, que bom! Orei tanto pro Senhor iluminar o seu caminho.” Ah sim, em cinco anos ela passou de adolescente pseudo-alcóolatra-vulgarzinha- putona e minha amiga do peito pra se tornar uma carola chata e temente a Deus. Aliás, me falou na maior naturalidade que pratica abstinência sexual há anos porque o próximo homem com quem ela dormir vai ser o seu marido. Em 15 minutos de conversa ela falou as palavras Deus, Senhor e Jesus por baixo umas oitocentas vezes, disse que ora sempre por todas as pessoas que ela conhece (eu inclusive) e que “cabe a mulher edificar um casamento perante a Deus”. E aí eu comecei a pensar: ela ora, pede, implora a Deus, mas o que essa pessoa de coração tão puro faz na prática? Ela não faz nenhum serviço comunitário, é consumista, não é dada a gestos bondosos... a única coisa que ela efetivamente faz é rezar e pregar (o que enche o saco de qualquer um). É tudo balela, sacou? Hipocrisia... e o mais engraçado é que essas pessoas “de fé” se sentem superiores às outras. Elas é que têm fé, elas é que vão pro paraíso – nós somos pecadores que precisam encontrar a luz divina ou iremos queimar no inferno! Nem preciso dizer que inventei uma desculpa qualquer pra desligar o telefone e, se Deus me ajudar (e sim, falo isso com extrema ironia), eu nunca mais vou ter o desprazer de falar com esta amiga novamente!

Hah, e a idiota da Ana Carolina sai na capa da Veja com a manchete “Sou bi. E daí?” e a Veja gasta páginas e páginas falando de como a sociedade brasileira está mudando e aceitando a opção sexual de cada um. Oh please... primeiro que se a sociedade tivesse mudado tanto assim, o fato de uma cantorazinha idiota admitir ser bissexual não sairia na capa da revista semanal de maior circulação do país. Na verdade, numa sociedade realmente aberta ninguém sequer ligaria pra uma declaração dessas. Segundo que o Brasil tá cansado de saber que ela é sapatona e ela resolve admitir isso logo agora, claro, que está pra lançar um novo álbum e que tem uma música providencialmente chamada de “eu gosto de homens e de mulheres”( aliás esse título me lembra muito do trecho “e eu gosto de meninos e meninas” do Legião). Jogada de marketing idiota e talvez até mesmo paga pra tal revista que tece elogios rasgados à cantora e que conta a história de sua carreira. Ah, sonho com o dia que uma pessoa realmente famosa admita ser gay e que esta notícia saia, se sair, no rodapé da última página da revista, com os dizeres, “Sou bi. E ninguém dá a mínima pra isso!”.

E os dias passam e em alguns dias é tão difícil, tão sofrido estar casada e em outros é maravilhoso, inebriante. Esta semana me dei conta de que me re-apaixonei pelo Vertigem. No dia-a-dia a gente se esquece o que iniciou toda esta jornada, do que te chamou a atenção no outro logo no começo. Existe o amor, claro, mas ele está lá e pronto! A fase de encantamento já terminou há muito tempo afinal. Mas basta um gesto, um beijo, uma rosa, um chamego gostoso - e é por todas essas coisas que eu fico assim, bobinha, sorridente, re-apaixonada... sei lá, a gente só precisa se sentir amada pra ser feliz. And baby, I’m so lucky to have you.

d-_-b “leisure suite” - Feist